Tratam-se, na grande maioria, de contos curtos,
independentes uns dos outros no que se refere à temática, mas atravessados, às
vezes sutilmente, por uma premissa norteadora: afinidade à pobreza
enquanto paradigma da ruptura com o sistema, a matrix. Em princípio
pensei em nomear a obra "pobreza e outros contos", mas substitui o primeiro
conto "pobreza" pelo conto "cativeiro" e renomeei à obra com o título "Cativeiro".
Nada a ver com autoajuda, mas influência nietzschiana: uma alegria de viver
apesar da dor inerente que, afinal, dá completude à própria vida.
Os contos não são autobiográficos, mas fiz
uso de muitas experiências pessoais e citei alguns locais em que realmente
vivi. Vale aquela perspectiva apontada por Flaubert: "Bovary sou eu". Se alguém
tentar invalidar o valor das minhas histórias com base na realidade, estará
negando uma característica básica à literatura: a ficção! Aliás, tudo é ficção
para quem não me conhece. Mesmo a nossa realidade comum pode ser revisitada
pela literatura como fazem os atuais romances históricos. Neguem o valor por
outras abordagens, se for o caso.
Alguns contos são narrados pelo personagem
protagonista, alguns por um personagem testemunha. Nestes casos, é claro, em
primeira pessoa, mas a maioria obedece à onisciência seletiva e ao discurso
indireto livre como praticou Clarice Lispector, sem querer - nem de longe - insinuar
qualquer comparação.