Vinhas da Resiliência - J. Cabral Neto (16x23 / 392 páginas)

Vinhas da Resiliência tem uma narrativa permeada de realismo e ficção, sem fronteiras perceptíveis entre esses dois elementos, visando deixar meus eventuais leitores sem saber a diferença entre o real e a imaginação. O romance começa no século XVIII, contando a estória de duas famílias de trabalhadores agrícolas do norte de Portugal que viviam como "boias frias". Agenor, Maria, Aristides e Abigail se conheceram na estrada, tentando escapar do esmagador regime de opressão econômica e social imposto pelos latifundiários da região, e juntos, transformaram um terreno árido e pedregoso em uma propriedade rural produtiva, na qual praticavam agricultura de subsistência. Assim, unidos pelo desejo de superar o sofrimento, tornaram-se amigos, sócios, e compartilharam uma vida de trabalho, honra e dignidade. Aparício, filho de Agenor decidiu imigrar para o Brasil, pensando em fazer fortuna no setor de mineração nas "Minas Gerais"; mas, acaba se instalando em Campos dos Goytacazes, onde foi contratado em um engenho de açúcar.

Paralelamente à saga dos portugueses, existe a estória de Do-Aklim, guerreiro africano de ascendência nobre que travava uma luta inglória contra os traficantes de escravos na região, mas acabou sacrificando a própria liberdade para livrar a pequena princesa Chimaka das garras dos traficantes. Ao chegar no Brasil, Do-Aklim foi comprado pelo temido Coronel Lustosa e o que parecia impossível aconteceu: os destinos de Aparício e Do-Aklim se cruzam, e uma nova estória começa a ser narrada em um tempo relativamente dilatado, através de uma trama que envolve várias gerações e termina na segunda metade do século XX com uma inacreditável e belíssima estória de amor.

Portanto, Vinhas da Resiliência é uma estória de vida, sofrimento e esperança que atravessa as fronteiras entre países, raças e religiões, uma estória que serve de ponte entre homens e mulheres de boa vontade, uma estória que não tem explicação simples, e talvez também não tenha um ponto final. Não obstante, os rastros da trama original, claramente identificados como ganância, ódio, racismo, mas também amor, solidariedade e compaixão, permanecem intimamente associados às lutas por uma existência com dignidade e honra, que os filhos da África, espalhados pelo mundo afora travam, ainda nos dias de hoje, em pleno século XXI.

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